Notas sobre livrarias
- Aline Brettas
- 28 de fev. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de dez. de 2022
21 de abril de 2021
Foto: acervo pessoal.
Não sou dessas pessoas que rejeitam novidades tecnológicas e novas mídias. Quero dizer, não que eu seja uma aficionada. Uso o que é necessário no trabalho, e em outros ambientes, sei o básico. Não entendo de marcas, tenho até uma certa preguiça, que no fundo se trata de uma resistência bobinha. Mas, alguém me ensinando, aprendo o que é importante, uso o que me entretém. Em alguns casos, até aprendo a lidar intuitivamente.
Foi assim com computador, notebook, celular, smartphone (pensando em instrumentos). Na comunicação, lancei mão das redes sociais, antes com mais frequência, hoje menos. Para informação, entretenimento, deleite, escapismo, utilizo plataformas de streaming numa boa. Sou uma grande adepta da praticidade que elas proporcionam. Podcasts então, têm sido uma grande fonte de conhecimento e diversão. Nada como ouvir algo interessante enquanto praticamos outras atividades, como caminhar, andar de bicicleta, dirigir, cozinhar, etc. Adaptação e conforto, porque não?
Mas há uma novidade que ainda não assimilei. O e-book (e o respectivo leitor). Já sei, estão pensando, lá vem ela com aquele papo de que livro tem cheiro e blá blá blá… E quer saber? É isso mesmo! Livro tem cheiro. Livro tem textura. Livro tem capa colorida e papel manuseável.
Tá! Eu sei que os novos suportes vieram pra ficar. Nem acho que essa tendência deva ser freada. Sei que os leitores de e-books trazem uma série de vantagens, afinal você carrega uma biblioteca, pra cima e pra baixo, em um equipamento bem levinho. Já me disseram que uma palavra pode ser marcada, aparecendo seu significado, que máximo! Fora a questão ambiental, embora as matérias-primas dessas ferramentas não sejam o sol ou o vento, né?
Também não vou alegar que o livro impresso é insubstituível. Para as novas gerações, que já nasceram manuseando o joystick (precisei de “consultoria” para descobrir essa palavra), o livro impresso poderá ser visto como raridade museológica. E constato isso com tristeza. Mas ó, o livro impresso não precisa de bateria, viu? Não vai te deixar na mão, no momento em que você estiver envolvido com o clímax da história (risos).
E as livrarias? Não imagino uma estante com e-books ou respectivos leitores enfileirados.
Estar em uma livraria é outro departamento! Aliás, abro aqui um parêntese: adoro o conforto do comércio digital! Inclusive, já encomendei roupa e sapato (até agora, deu certo!). Não faço questão nenhuma de ir à loja para fazer compras, só quando não tem jeito mesmo. Com exceção de livros.
Preciso flanar (palavra ultravelha que está voltando). Às vezes, só entro, olho, pego alguns livros, manuseio e vou embora. Não é comum eu já ir com uma referência na cabeça. Na maioria das vezes, escolho na hora, inspirada pelo título/autoria/sinopse. Oportunamente, até a capa me chama a atenção.
Sempre digo que livrarias não são somente lojas de livros. Ainda mais atualmente, quando elas estão procurando se reinventar para não serem engolidas pela crise do mercado editorial e pela concorrência. São organizados eventos literários e clubes de leituras, tanto no espaço físico como no digital. Contam com livreiros que devem entender absurdamente de literatura, para dar boas indicações conforme os interesses diversos dos leitores. Buscam engajamento em redes sociais, precisando assim estar sempre presentes nessas mídias.
E os cafés? Nada como sentar com seu livro novo (já pago, claro!), tomar aquele cafezinho, experimentar uma guloseima… e beber um bom vinho! Se existe céu, pra mim ele é desse jeitinho!
Espero que impressos e e-books continuem a conviver, por um bom tempo. Não creio que devam ser excludentes, pois há espaço para todos os gostos e necessidades.
Eu ainda vou encarar um leitor de e-book. Talvez até goste mais do que estou imaginando, quem sabe? Mas, porém, todavia, contudo… vou adiando.
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