Sobre os vikings e sobre a série: tudo junto e misturado
- Aline Brettas
- 1 de mar. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de jan. de 2023
23 de janeiro de 2021

Foto: wikipedia.
Gostaria de compartilhar minhas impressões sobre a série de TV Vikings. Desde já, adianto que a ideia não é apresentar uma resenha ou comentário crítico sobre o programa. Não verifiquei as fronteiras entre realidade e ficção, apenas que alguns personagens são lendários, e outros históricos (há registros). Pouco estudei sobre esse povo, que nos livros de história era apresentado como bárbaro.
Então, com respeito ao que foi retratado na série, percebi de fato ações consideradas “bárbaras”, no sentido pejorativo da palavra. Os clãs (não era um povo viking, mas vários povos) cometiam o que por nós seriam consideradas atrocidades: invasões violentas, saques com requintes de crueldade para com as vítimas, rituais com sacrifícios humanos, castigos recheados de torturas impensáveis e “inassistíveis” (eu fechei os olhos algumas vezes). Por mais que entendamos que era a moral da época e de determinadas culturas, em muitos casos, uma luta pela sobrevivência, não dá para olhar com os nossos valores atuais e não sentir repulsa.
No começo da série, por exemplo, não estava gostando: um bonitão viking (achei que seria um ator canastrão, mas se revelou um grande talento de interpretação) - casado com uma bonitona, irmão de outro bonitão, fortão, impiedoso - tomou a frente de uma revolta contra o líder do clã, em cenas recheadas de golpes de machado e muito sangue… Por incrível que pareça, estava achando um tédio!
Porém, no afã por desabravamento de novas terras, o primeiro bonitão e protagonista (Ragnar Lodbrok, vivido magistralmente por Travis Fimmel) encabeçou invasões de terras mais distantes, a fim de ocupação e plantio (sim, eles eram agricultores). Nesse processo, deu-se o contato com outras culturas e respectivas crenças, ritos, modos de viver, de lutar e de morrer.
Nos episódios seguintes, desenrolou-se a convivência com cristãos, na Inglaterra e na França. Os vikingsdepararam-se com muçulmanos e budistas mais ao leste da Escandinávia, com russos cristãos (ex-vikings convertidos), vivenciaram experiências literalmente alucinadoras com orientais. Cometeram a proeza de atingir a desértica Islândia e a inóspita Groelândia. E na última temporada, para mim uma surpresa: alcançaram a América do Norte, assim vivendo também com povos nativos. Neste caso, averiguei que foram mesmo encontrados vestígios da cultura viking no Canadá. Assim, ao que tudo indica, não foram os espanhóis, portugueses e italianos os nossos primeiros visitantes.
Os vikings deixaram suas marcas, mas também foram assimilando os costumes de outras sociedades. Ao longo da série, alguns personagens foram se tonando grandes estrategistas, outros abrindo mão de castigos sanguinários e permitindo-se pensar mais profundamente sobre a existência. Assisti cenas com diálogos filosóficos entre reis e com experiências místicas reveladoras, que reverberaram em mim
curiosidade, reflexão e até alguns insights.
Impossível não fazer referência às mulheres vikings: livres, guerreiras e valentes, que se impunham pela inteligência e pela força física, se necessário. Mas também companheiras, mães, camponesas.
Uma trama com personagens para todos os gostos: alguns mais perversos, outros heróicos, outros generosos, outros carismáticos. Mas todos verdadeiramente humanos e imperfeitos. É uma série que vai deixar saudades, sobre um povo que pode provocar muitos sentimentos, mas indiferença não é um deles.
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