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Cachos

  • Foto do escritor: Aline Brettas
    Aline Brettas
  • 28 de fev. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 11 de mai. de 2023

06 de março de 2021

Foto: acervo pessoal.


Não tenho a maior autoestima do mundo, mas se tem uma parte de mim que amo são os cabelos. Cacheados, anelados, crespos. São algumas definições.


Não foi sempre assim. Quando criança, por influência familiar e padrão social (claro!), queria ter cabelos lisinhos. Na verdade, eles não eram como hoje, situavam-se no meio termo, em um estilo mais indefinido. Mas fiz rolinhos e toca em algumas ocasiões, e aí ficava com o cabelo reto. Mas era um pouco de movimento, suor e lá vinham algumas ondinhas se formarem. Eu tentava arrumar, pentear, passar a mão para formatar a mechinha, mas era tempo perdido. O cabelo já não estava mais liso como uma tábua e eu ficava incomodada!


Na pré-adolescência, acabei adotando o corte da moda (quem se lembra dos cabelos repicados e topetudos dos anos 80?). Depois disso, o pouco de liso que havia deu lugar a vários anéis, e desde então venho assim exibindo a minha imagem.


Não sei quando e como a chavinha mental foi acionada, mas a partir de um certo momento, aceitei meus cachos. Bem, inicialmente era uma espécie de rebeldia, porque afinal, mulher precisa desde o início dos tempos se adequar ao padrão de beleza da vez, e cabelo liso que era tudo de lindo e penso que, simbolicamente, era sinal de organização, perfeição, simetria, bom comportamento. Eu passava longe de ser uma garota “porra loca” e parte de alguma tribo, mas o cabelo anelado foi uma forma de resistência que adotei.


E dá-lhe cabeleireiro insistindo pra eu fazer escova, dizendo que meu cabelo era mal tratado (não só esses profissionais, mas na maioria das vezes) e coisas do tipo. E quanto mais insistiam, menos vontade eu tinha de “arrumá-lo”. Poucas vezes fiz escova (para ocasiões especiais, como casamentos. Aliás, nunca fui muito fã de casamentos) e eu estranhava quem via no espelho, achava que estava com a cara lambida. Pra não ser muito implicante, reconheço que ficava mais fácil pra pentear. Mas o cabelo anelado não precisa ser penteado, olha que benção!


Escova progressiva? Nunca passou pela minha cabeça.



Entretanto, com o tempo e amadurecimento que ele traz (e salário!), fui percebendo a necessidade de cuidar mais dele. Assim, há vários anos, proporciono a ele cortes periódicos e hidratações regulares. Hoje, com as mechas, que fazem o cabelo realmente ficar mais ressecado, tenho um custo que não é baixo. Faço por autocuidado, prazer e, no momento, posso arcar com isso.


E venho seguindo a vida, com minha moldura facial me acompanhando há décadas e creio eu, trazendo a boa sorte de Sansão (brincadeira!). Vira e mexe um frizz inoportuno dá as caras, principalmente em época de chuva, mas já fiz as pazes com ele.


Claro, nada é para sempre, não cravei uma espada na pedra fazendo qualquer tipo de juramento: se meu gosto se modificar, tudo pode acontecer no futuro. Hoje, não.


E cortá-los mais curtos? Também não. Mas essa é outra história, que vai ficar pra outro dia.

 
 
 

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